Obras Que Adorei Ler em 2022 – parte 2: Não Ficção

Bertrand Russell, Hannah Arendt, Amin Maalouf, Rui Zink, Michel Desmurget e Matt Haig merecem 5 estrelas – se eu usasse esse tipo de classificações neste blogue. E os restantes, 4 estrelas. Mas eu não uso, nem vou usar futuramente, este tipo de classificações! Todos os livros que estão aqui, estão pelas suas qualidades, e isso não se mede em estrelas!

Porque não sou cristão, de Bertrand Russell & A conquista da felicidade & História da filosofia ocidental, do mesmo autor (Opinião parte 1, parte 2)

As redes sociais estão cheias de citações de Bertrand Russell, por isso decidi-me a lê-lo, para além da espuma das citações. Apesar de não concordar com ele em muita coisa (e não me considero ateia), acabou por ser a estrela de 2022. Tanto que este blogue tem uma colecção de citações dele (ver Escrito na Pedra)!

A História da filosofia ocidental é difícil de ler, mas valeu a pena o esforço. A principal tarefa a que o autor se propõe nesta obra é contextualizar politicamente e socialmente os vários filósofos (coisa mal vista actualmente, nalguns círculos).

Eichmann em Jerusalém, de Hannah Arendt e Homens em tempos sombrios (ver Opinião), da mesma autora

Até hoje não houve um livro de Hannah Arendt que me decepcionasse. Este são apenas mais dois óptimos livros dela. Estes dois livros estão actualíssimos!

O naufrágio das civilizações, de Amin Maalouf

Editado originalmente em 2019, este livro descreve muito bem a situação em que vivemos. Apesar de se centrar em explicar porque o mundo muçulmano é o que é hoje, é um livro que é mais do que isso. Até é possível perceber melhor a Rússia de Putin e a Ucrânia de Zelensky.

Muito bom.

Nota lateral: Ler este livro (e interpretá-lo) foi mais uma acha para a minha fogueira de cepticismo em relação às reais intenções de Putin (logo em Fevereiro) e Zelensky (depois). Nenhum deles é democrata e muito menos “salvador” da Ucrânia. Só se aceitarmos que as suas políticas tortas (e no caso da Rússia genocidas) são a única alternativa. (1)

Manual do bom fascista, de Rui Zink (Opinião)

O Manual do Bom Fascista é um compêndio sobre como é ser fascista no século XXI. Rui Zink segue as pisadas de Umberto Eco e tenta explicar como funciona o fascismo. Usa, no entanto, a ironia e o humor.

Nota lateral: Devido ao seu humor, este livro poderia estar na lista da ficção: porque é literatura.

A fábrica de cretinos digitais, por Michel Desmurget (Opinião)

O autor não é, ao contrário do que possa parecer, um infoexcluído e inimigo da tecnologia. Ele pensa que ela é, em muitas ocasiões (sobretudo entre adultos) benéfica. No entanto, para crianças e adolescentes não é assim.

Este foi mais um livro muito bom, que li neste ano de 2022. Para mim foi um murro no estômago.

O livro do conforto, de Matt Haig (Opinião)

Por causa deste livro criei uma “Pasta do Conforto” (anteriormente chamada de “Autoajuda Portátil”) para reler em épocas difíceis.

É certo que não concordo com tudo o que aqui escrito. Algumas ideias e citações servem para ele mas não para mim. Matt Haig aderiu totalmente ao estoicismo (que está, aliás, muito na moda), como forma de cura para os seus males psicológicos. Mas receita que serve para ele não serve para todos.

Ainda assim, recomenda-se!

Sou do Sul, venho do Sul, de José Muijica

Discurso feito na Assembleia das Nações Unidas em 24 de Setembro 2013.

A sinopse diz tudo: «José Mujica, então presidente do Uruguai, com o estilo claro, cativante e contundente que o caracteriza, dirige-se à Assembleia das Nações Unidas para criticar a sensatez da economia contemporânea, as desigualdades do mundo e o consumismo que impera as nossas vidas.

As suas palavras são também um poderoso chamamento à coerência e um convite à alegria e à liberdade que nascem de uma vida mais simples.»

Adorei.

Nota lateral 1: Este livro é recomendado pelo PNL para maiores 15 anos. Portanto: leiam-no!

Nota lateral 2: Este livro foi revisto pela Catarina Sacramento.

O jogo infinito, de Simon Sinek (Opinião)

Simon Sinek baseou este livro noutro livro: Finite and infinite games, de James P. Carse. Esse livro mudou a sua perspectiva de ver o mundo. Fê-lo perceber o quanto as nossas vidas e ambições são finitas e o que acontece se nos deixamos levar por elas. Fê-lo olhar a economia, as empresas e a sociedade de outra forma.

Uma questão que me causou interrogações ao longo do livro: a Apple é sempre apontada como o bom exemplo da mentalidade infinita. Será assim??

Gostei deste livro, vale a pena uma leitura.

Os novos cães de guarda, de Serge Halimi (Opinião)

Este livro não trata da maioria dos jornalistas precários, que obedece às linhas editoriais do patrão porque não quer ser despedido – e porque acha que é o certo a fazer. O livro trata de uma minoria de jornalistas (mais ou menos três dezenas em França) que ganham bem, escrevem livros (dinheiro extra), são directores (dos media) e/ou comentadores (dos media). Andam de media em media a espalhar o “evangelho” daquilo a que se chama pejorativamente “pensamento único”.

Gostei muito.

O que é amar um país, de José Tolentino Mendonça

Estes textos mostram um José Tolentino Mendonça extremamente culto e extremamente preocupado com as consequências da pandemia para as pessoas. Penso que foram todos escritos em 2020. Gostei muito.

A psicologia do dinheiro, de Morgan Housel

Desde 2020 não lia um livro tão bom sobre finanças pessoais. Morgan Housel baseia-se em Taleb, Kahneman e Hans Rosling. Tem uma crença grande no capitalismo e no mercado de acções, ou não trabalhasse ele nesse mercado. Mas o livro é muito bom.

O infinito num junco, de Irene Vallejo

Irene Vallejo segue os passos de Alberto Manguel ao fazer a divulgação de aspectos da cultura esquecidos.

Este livro é uma dose GRANDE de cultura geral. Custou a começar a leitura, o livro é longíssimo, mas gostei muito.

Sem esforço, de Greg McKeown

Publicado em 2021. Boa síntese de ideias de minimalismo, GTD e outras. Gostei muito.

Escrever, de Stephen King

Este é um livro autobiográfico e com conselhos sobre como escrever.

Adorei.

Demasiado frágil, por Lizzie Velasquez  (Opinião)

Todo o livro pretende abarcar dois pontos de vista: a história de vida de Lizzie Velásquez ; a partir dessa história dão-se conselhos ao leitor.

Este livro é muito bom e eu conclui-o pensando que Lizzie Velásquez é uma das pessoas mais corajosas do mundo.

O ano do pensamento mágico, de Joan Didion (Opinião)

Criámos um estilo de vida em que a morte é uma coisa de um dia, de um funeral. Ora é tempo da morte voltar a fazer parte das nossas vidas. De aceitar que temos de fazer luto.

Considero este livro é maior que qualquer coisa que eu diga sobre ele. Impossível não gostar. Conto relê-lo no futuro, mais amadurecida pela experiência.

Comunicação não-violenta, de Marshall B. Rosenberg

Este livro é um desafio e uma aprendizagem permanente. Por outro lado, é difícil seguir os conselhos do autor e ter uma comunicação espontânea. Um livro para reler no futuro.

(1) Não aceito TINA: seja da União Europeia, seja da Rússia e da Ucrânia.