Observatório Quotidiano 10-07-2022: Citações

«Ivan Ilyin, “primeiro amor filosófico” de Putin, enunciou “os erros” do fascismo e do social-fascismo – natureza anti-religiosa e anticristã, Estado totalitário, partido único, nacionalismo extremo, despotismo – e saúdou Franco e Salazar que “tentaram evitar esses erros”.»

Luís Paixão Martins (1)

«Macron quer nacionalizar a EDF (Eletricidade de França). Antes de começarem a tirar conclusões para aplicar na EDP consultem a composição dos acionistas da EDF. Mais de 80% do capital NÃO pertence à China. Já pertence mesmo é ao Estado Francês.»

Luís Paixão Martins (2)

«É um erro pensar que os retrocessos nos EUA são “coisa de americanos”. Há especificidades, claro, mas o mesmo poderá acontecer noutras paragens. Talvez os EUA estejam apenas na “vanguarda” (e sabemos como influenciam o mundo)…

E também é um erro pensar que se trata de “retrocessos”. Nunca há retrocessos, tudo acontece hoje e para o futuro. Estes novos fascismos são isso mesmo, novos, não são restos desprezíveis do passado, são resultados do presente.»

Miguel Vale de Almeida (3)

«Moedas propõe 42M€ para intervir, até 2026, nos 67 bairros municipais de Lisboa, onde vive perto de 1/5 da sua população, os de menores rendimentos. Valor muito insuficiente face às necessidades, como saberá quem conhece estes bairros, que representa um corte face a anos anteriores (anos em que estes recursos já eram insuficientes). 7M€/ano.

O mesmo Moedas que propôs devolver 5% do IRS pago na cidade, o que dá sensivelmente 70M€/ano. Quem os recebe? Os 10% +ricos recebem mais de metade. Os 20% +ricos recebem 75% destes 70M€. Já os 50% +pobres recebem menos de 2%.

Dos 7 aos 70, assim se medem as prioridades da atual gestão municipal.»

João Ferreira (4)

«para quem ainda não tivesse percebido: o jogo consiste em ficar quatro anos no governo sem fazer nada. o primeiro ministro a mexer-se perde.»

José Neves (5)

«Daquele país que, apesar do problema que tem com uma liberdade muito estranha que vai produzindo atentados em massa e assassinatos a tiro com uma frequência mais do que diária, muitos continuam a considerar um farol da civilização e da democracia, chega-nos uma notícia chocante, sobretudo pela crueldade. Uma menina do estado de Ohio, de apenas dez anos, grávida na sequência de uma violação, foi obrigada a viajar para o estado vizinho, Indiana, para poder abortar, aproveitando o facto de, neste último, o processo legislativo da proibição total da interrupção voluntária da gravidez, filha da inacreditável decisão recente do Supremo Tribunal, ainda não estar concluído, senão nem ali poderia obter ajuda. A América vai-se tornando um país cada vez mais estranho, sem respeito pelos direitos das mulheres e das crianças, onde é também cada vez mais perigoso andar na rua e participar em celebrações colectivas.

Para além do choque, para o resto do mundo ainda civilizado nestas duas matérias, ficam ainda mais sinais sobre onde nos levam os caminhos das ausências e dos fazeres de conta que está sempre tudo bem quando está tudo mal, apenas não é nada connosco. E obviamente que não me refiro apenas aos direitos e aos temas aqui em causa, o princípio é de aplicação geral. Sem o envolvimento de todos, sem a abordagem do “e se fosse comigo” e sem o confronto que é dever de todos exercitar diariamente entre as notícias que vamos consumindo e a sociedade que queremos construir, os recuos e os retrocessos civilizacionais irão continuar a inundar-nos os destinos com um caudal e uma frequência cada vez maiores.

Todos sabemos como tem sido o nosso passado mais recente. Entre o rebentar das bombas e as consumações dos recuos, nunca se vêem muito mais do que umas lamúrias, outros tantos encolheres de ombros e umas bocas nas redes sociais. E novo retrocesso logo a seguir. O mundo é e será sempre ou o que for permitido pelas pobres vítimas em que os sujeitos activos que todos deveríamos ser se vão deixando transformar, ou o que for construído pelo colectivo que é do interesse de todos fortalecer. Nós somos o mundo que quisermos e soubermos fazer. Que a América que vemos a regredir de forma tão acentuada seja um alerta para a urgente refundação do exercício de cidadania que há que fazer renascer dentro de cada um de nós.»

Filipe Tourais (6)

«Julho de 2022. O consumo disparou. Por essa Europa os aeroportos estoiram e as companhias aéreas cancelam voos às centenas. Caos pontuais afloram nos pontos nevrálgicos da indústria do turismo. O Algarve está todo comprado de 15 de julho a 15 de setembro. 100% de ocupação virtual, apesar dos preços formidáveis que vão permitir às empresas um enorme influxo depois dos sacrifícios nos anos da pandemia.

E o que vemos? Os consumidores a queixarem-se e os empresários contentes a descreverem os seus sucessos?

Não. Quase o oposto, na verdade. As associações patronais desfilam a sua cassete de queixumes. Nunca nada será suficiente para elas: se há coisa que podemos ter a certeza é que mesmo que o Governo ou a UE ou, sei lá, a Liga Marciana materializasse do almoço para o jantar os escra-err trabalhadores em número superior ao necessário, para permitir a escolha e os salários baixos, as associações iam queixar-se de outra porra qualquer — olha, o preço do sal, os impostos, tudo.

Tudo menos colocar no espaço público a realidade. Que fizeram previsões más (como quase toda a gente) na saída da pandemia. Que a procura é de esmagar qualquer atividade minimamente estruturada. Que a concorrência os obriga a manter preços numa oitava abaixo do que seria desejável do ponto de vista de uma economia saudável que, entre outras coisas, remunerasse proporcionalmente os trabalhadores contribuindo para o equilíbrio que faria desaparecer o problema da mão-de-obra.

Não. Estas associações patronais surgem grotescas aos olhos de um cidadão medianamente atento e informado. Estão tão distorcidas como o “mercado livre” que ideologicamente dizem querer mas cujas práticas têm como finalidade limitar, com o beneplácito de sucessivos governos.

Caramba. 2022 vai ser um ano colossal para o turismo português. Receitas do arco da velha. E esta gente continua com o discursinho miserabilista e coitadinho.»

Paulo Querido (7)

«A ministra da saúde Marta Temido, no cargo desde 15 de outubro de 2018, ou seja, há quase quatro anos, e cuja responsabilidade principal é tratar da organização do SNS, afirmou que “é evidente que há um défice de organização na forma como prestamos os serviços públicos de saúde no nosso país”, o que pode significar duas coisas:

1- Está implicitamente a admitir a sua incompetência e/ou incapacidade para cumprir as funções que lhe foram confiadas, pelo que se deveria demitir imediatamente;

2- Acha que a tutela do SNS pertence a outra pessoa/ministério e não é nada com ela, não se percebendo então para que serve o ministério da saúde.»

Antonio Campos (8)

(1) No Facebook em 24/06/2022.

(2) No Facebook em 06/07/2022.

(3) No Facebook em 27/06/2022.

(4) No Facebok em 29/06/2022.

(5) No Facebook em 30/06/2022.

(6) No Facebook em 05/07/2022.

(7) No Facebook em 02/07/2022.

(8) No Facebook em 08/07/2022.

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Última Actualização: 12/07/2022