O fim do jornalismo português (Portugal, 2023)

(Apertem os cintos e despeçam-se dos jornais portugueses. Só uma coisa interessa: o lucro das grandes empresas. Para qualquer outro assunto estejam calados e não queiram saber. Muito menos queiram estar bem informados. Isso é uma utopia: é inacessível em Portugal.)

«DESAPARECIMENTO NUMA TOTAL INDIFERENÇA…

Faz hoje uma semana o jornal “I-Inevitável” deixou de ser diário perante a indiferença geral, os outros média, que eu saiba, nem sequer fizeram referência a tal desaparecimento.

É verdade que o jornal anuncia numas modestíssimas seis linhas na primeira página que passará a ser semanário. Não impede que o ultra-paupérrimo panorama da imprensa diária generalista dita “nacional” passa assim a ser cada vez mais inacreditável : um diário publicado no Porto e três em Lisboa, todos eles com difusões (“circulações”) pagas muito reduzidas e até mesmo quase puramente simbólicas.

É verdade também que desde o seu lançamento na quinta-feira 7 de maio de 2009, o “I” foi fruto de vários erros de posicionamento, desde a escolha do nome (sobretudo nestes tempos de ferramentas de pesquisa na internet) até ao conteúdo editorial (em termos de temáticas como de escrita) e ao alvo sociológico dos leitores.

Com simpática cortesia, o seu principal responsável não punha sequer em dúvida o conceito editorial do diário que era o seu. E as sucessivas alterações no capital da empresa editora e na direção da redação foram fazendo do “I” um jornal cada vez mais confidencial…»

J. M. Nobre Correia (1)

«O Sindicato dos Jornalistas (SJ) fica perplexo com a sistemática prática da administração do Global Media Group (GMG) em diminuir os quadros nas empresas que detém.

Depois de em julho de 2022 ter sido aberto um período para negociação de rescisões amigáveis e voluntárias na TSF, Jornal de Notícias (JN), Diário de Notícias(DN)  e O Jogo, a redação do DN foi de novo confrontada, este mês com o anúncio de que três jornalistas, um dos quais grande repórter e um gráfico foram convidados a rescindir os seus contratos sob o argumento de reduzir os custos fixos. Estes profissionais não tinham manifestado interesse em aderir ao programa de rescisões voluntárias apresentado no ano passado.

Uma situação que contradiz a promessa que foi feita sobre um reforço de recursos humanos para aquela redação. Além disso, não haverá substituição de profissionais com o mesmo grau de experiência.

Por outro lado, e a par destas decisões, as redações do GMG foram informadas hoje, 19 de Janeiro, da contratação de um novo responsável para a área de Inovação Digital não se colocando aqui, aparentemente, a necessidade de reduzir custos.»

Sindicato dos Jornalistas (2)

«Os patrões do media têm que perceber que os jornais se fazem com jornalistas e não despedindo jornalistas. A qualidade do trabalho e a aposta no bom jornalismo é fundamental até para os jornais sobreviverem economicamente. Os cortes sucessivos nas redacções só liquidam o jornalismo e os jornais, tornando estes uma fábrica de salsichas sem qualidade que se confunde com o que escrevem os maluquinhos nas redes sociais.»

Nuno Ramos de Almeida (3)

«E o DN continua a morrer todos os meses. Daria pena se as minhas lágrimas pelo jornalismo não tivessem já secado há meia dúzia de anos.»

Paulo Querido (4)

(1) No Facebook em 17/01/2023.

(2) No sítio dos Sindicato dos Jornalistas, 19/01/2023.

(3) No Facebook em 20/01/2023.

(4) No Facebook em 19/01/2023.