“Manifestação histórica” de 14 de Janeiro

«Primeiro é o fundo de greve que é ilegal. (olhos a rebolar até à nuca)

Depois que é gente mandada pelo chaga, partido conhecido pela sua intransigente defesa da escola pública — só que não.

E mais? Não há fogueiras para bruxas? Mesmo, assim à descarada?

E isto vindo de pessoas que defendem — ou dizem defender — a escola pública. Mas que pelos vistos acham que a situação que temos é perfeitamente sustentável e só por alta manipulação de massas é que pessoal docente e não-docente (e alunos, já agora) pode estar na rua e tão zangado como está.

Mas isto é real? É que pra rir não pode ser.»

Joana Manuel (1)

«O que tenho lido por aí sobre a manifestação de hoje é nauseabundo, principalmente por vir de gente de esquerda.

As insinuações de que o STOP é uma criação da extrema-direita seriam cómicas, se não fossem reveladoras de um sectarismo doentio.

Por esta altura já toda a gente devia ter percebido que o principal dinamizador do STOP é o André Pestana, militante do MAS, um pequeno partido de esquerda, que obviamente não tem estrutura nem força para mobilizar dezenas de milhar de professores, mas jamais admitiria qualquer ligação à extrema-direita.

Também se devia ter percebido que esta mobilização inclui muita gente que não adere às lutas da Fenprof por anti-comunismo primário, com a lenga-lenga de que o Mário Nogueira se eterniza no cargo, como se isso, que é verdade, impedisse os professores de lutarem pelos seus direitos.

Este duplo sectarismo só interessa ao governo, que seria obrigado a ceder se os sindicatos citados, e também a FNE, se sentassem à mesa e acordassem um caderno reivindicativo e calendário comuns.

Como se viu, os professores estão ao rubro, mas está a faltar discernimento às direções sindicais, para ultrapassarem o nível da guerrilha entre pares e se concentrarem no que é essencial.

Esclareço que sou formador no ensino profissional, e portanto não estou diretamente ligado às reivindicações dos professores da escola pública.

Lá chegará o dia em que os sindicatos olhem para nós, e percebam que nem sequer temos direito ao princípio elementar do salário igual para trabalho igual.

Mas isso é tema para outro post.

Para já, toda a solidariedade aos professores e outros trabalhadores da educação, independentemente das suas opções sindicais e político-partidárias.»

João Delgado (2)

«Todos os meus contactos professores, os que conheço pessoalmente e os que apenas conheço virtualmente, estiveram ontem na manifestação. Muitos deles estiveram também no acampamento da FENPROF e é de sindicatos da FENPROF que são associados.

Tentar estigmatizá-los como uma mera massa manipulável por interesses obscuros não fragiliza os interesses obscuros. Fragiliza a luta pela sobrevivência da escola pública. E fragiliza a própria FENPROF. Assim como certos momentos mais sectários da intervenção do André Pestana ontem no final da manifestação não fortalecerão o STOP, apenas contribuirão para o esvaziar — nem que seja pelo cansaço — da força que ontem se viu a descer a Avenida.

O resto é mais do mesmo que se tem repetido ao longo dos anos e garantido que não só não se conquistam direitos, como não se seguram os direitos adquiridos. Quando a escola pública estiver definitivamente esburacada, assim como o SNS ou tantos outros serviços que são alicerces de uma democracia, ninguém se vai lembrar das conversas sectárias de parte a parte. Porque vamos estar todos demasiado concentrados em apenas sobreviver. Mesmo assim, alguns dedos indicadores vão continuar apontados “aos outros”.

Já estivemos mais longe. Agora é com cada um, decidir que narrativas quer ajudar a fortalecer.»

Joana Manuel (3)

«Eu acho fofinho o Nuno Crato que despediu 30 mil professores, o chegano Mithá que nunca deve ter ido a uma manif que não fosse do seu partido salazarengo e até o empresário Ângelo Correia, anjo protector de Passos Coelho – sim, aquele que os mandava emigrar… – , a aparecerem à vez nas televisões, todos muito solidários com a luta dos professores, muito compreensivos e preocupados com a dignidade ferida da classe.

Na minha modesta opinião, isto tem tudo para correr bem…»

João Paulo Oliveira (4)

(Nota Nada Lateral: Tivemos Nuno Crato na SIC a comentar a greve dos professores e a dizer que não teve manifestações com esta gravidade quando era ministro. E isso é: VERDADE! Tristeza!)

«Manifestação. Pela qualidade na Escola Pública e em toda a Educação no País. Estive lá. Manifestação plural e pacífica.

Assim se põe uma mesa para negociações, com todas as forças sindicais. E se alerta para o que mais importa.

Segunda-feira começa uma ronda de greves distritais desta vez convocada pela Fenprof. A somar a outras formas de luta que já estão aí na vida real desde 9 de dezembro.

Ao Governo: saber lidar com o povo é seu mister, e começa por saber ouvir e pensar. Ler bem os sinais e focar-se no essencial: o futuro que a política de hoje prepara.

Obrigar obrigar obrigar outros? Não, obrigar-se! Obrigarmo-nos a melhorar porque a isso vimos. Professores e não professores. A causa é uma Casa Comum.»

Maria Jose Vitorino (5)

«Ó Tóino, deixa de fazer dos outros parvos. Tiveste sete anos para resolver este assunto (entre outros) e agora que vês “a casa a arder” vens-nos atirar poeira para os olhos..»

Carlos Alberto Silva (6)

«Há anos que me queixo da ausência de debate nas nossas escolas. A generalidade das prolixas inovações, mesmo as mais bizarras, são normalmente recebidas com a indiferença de muitos e o entusiasmo de alguns, mas já ninguém se dá ao trabalho de criticar, de denunciar que o “rei vai nú”… Cheguei a temer que a ambição de Roberto Carneiro de “professores como intelectuais em vez do trabalhadores do ensino” se tinha invertido.

Gostei de ver os meus pares a levantarem-se, a voltar a debater e confrontar ideias, mas também a consensualizar estratégias e a implementá-as. Mas apreciei em particular a maior união entre profissionais da Educação que é, por excelência, um trabalho de equipa “que mobiliza toda a tribo”.

E há indícios de que nunca tivemos tanto apoio dos portugueses que, com o aumento da escolarização, estão cada vez mais sensíveis à importância da Educação. “Malhar nos professores para agradar aos pais”, como estratégia política, talvez tenha os dias contados.»

Antonio Rodrigues (7)

«Hoje ouvi o Marçal Grilo em plena simetrização, a dizer que temos de ser exigentes com os sindicatos e não só com o governo (o que, neste contexto, é o equivalente a dizer “all lives matter”) e a discorrer sobre o “combate à precariedade”.

Combate à precariedade. É bonito, não é?

Esse nobre combate de que falam também ministros, secretários, deputados. Mas sempre que ouço governantes (e comentadores às vezes governantes) a falar assim em abstrato de um “combate à precariedade”, fico sempre baralhada.

Os trabalhadores e os sindicatos, eu percebo que sintam isto como um combate. Mas o Estado que legisla e precariza…? Expliquem-me: a guerreira Precariedade quando se faz ao combate com o Costa, com o outro Costa, com o Medina ou com a Ana Mendes Godinho, é como? Com granadas, baionetas, luvas de boxe… ou vai lá só com uma estalada?»

Joana Manuel (8)

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(1) No Facebook em 14/01/2023.

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Última Actualização: 25/01/2023