Vai mas é trabalhar, ó ranhoso, por Filipe Tourais

(Aviso: O título é da minha responsabilidade.

O surto gripal acontece todos os anos. Seria bom arranjar maneira de não haver tanta transmissão de vírus. A vacinação é uma solução e devia ser dada em Outubro, como antes, para dar tempo à criação de anticorpos. Por outro lado os apoios do Estado não se deviam circunscrever a uma pandemia.)

«Com as urgências hospitalares para lá de congestionadas por uma avalanche de gente maioritariamente com infecções respiratórias que excede largamente qualquer capacidade de resposta, não são nem duas nem cinco as pessoas das minhas relações que me vão contando que lá no serviço mais de metade dos colegas ficou doente, ou com gripe, ou com covid, e está ou de baixa, ou em tele-trabalho. Quando me contam estas coisas, a minha resposta é sempre a mesma, que não aprendemos nada com a pandemia. Quando o pânico era geral e a pandemia dominava a actualidade, quem caía doente ficava em casa sem qualquer corte na remuneração, para não contagiar os colegas e para não congestionar urgências já sobejamente congestionadas. Como nos países mais desenvolvidos daquela União Europeia onde gostamos de nos posicionar no “pelotão da frente” em tudo o que nos prejudique.

Entretanto, a pandemia felizmente que desapareceu das nossas vidas e das notícias. Regressaram os cortes salariais. Tudo voltou à estaca zero. Quem seja obrigado a ficar em casa por estar doente perde 100% do salário nos três primeiros dias e parte dele nos seguintes. Apesar de também sublinhar que a esmagadora maioria aufere salários demasiado baixos para se dar ao luxo de perder um euro que seja, a resposta também é quase sempre a mesma, que de outra forma haveria abusos e abusadores. Pois é. Para evitar abusos e abusadores em potência e por confirmar, em nome da moral, dos bons costumes e eventualmente também da produtividade elevadíssima de quem trabalha doente, criam-se todas as condições para maximizar os contágios e congestionar o mais possível o pandemónio nas urgências hospitalares. Quanto é que tanta moralidade concentrada custará em morte e em sofrimento aos doentes e em milhões ao SNS? Não importa. Vai mas é trabalhar, ó ranhoso.»

Filipe Tourais (1)

Um Texto Pertinente de Alexandra Azambuja sobre Este Assunto:

«Voltei a usar máscara quando ando de transportes públicos ou vou a farmácias.

Fico triste quando vejo senhoras de 70 e mais anos nos autocarros a tossir, com um nível de condensação nas janelas que faz rios pelos vidros abaixo, sem máscara.

Mas a literacia em saúde – que lhes explicaria que as gotículas de líquidos são o veículo ideal para a propagação de vírus – não fez parte daquela geração, nem das que lhes se seguiram.

Posto isto, e tendo em conta que o Estado tem Rtp1, Rtp 2, Rtp 3, Rtp Açores, Rtp Madeira, Rtp África, Rtp Memória, Antena 1, Antena2, Antena 3, Rdp Africa, Rdp Internacional, Rdp Açores e Rdp Madeira, custava muito fazer uma campanha de sensibilização para os diferentes públicos a apelar à vacinação e uso da máscara??

Ou então é mais barato ter as urgências no caos…

E já agora a o argumento do ministro da cultura de que não faz sentido ter imprensa estatal porque seria concorrência desleal com o mercado: isso já não se aplica quando se trata da televisão ou da rádio?»

Alexandra Azambuja (2)

(1) No Facebook em 11/01/2023.

(2) No Facebook em 11/01/2023.