“Graça Freitas deixa o cargo de diretora-geral da Saúde”

«Graça Freitas passou a liderar a DGS em 2018. Nem nos seus piores pesadelos poderia imaginar que iria ser a “cara” da pandemia que paralisou o mundo, que atingiu literalmente toda a gente. Teve que encarar o país de frente, para dar más notícias, dia após dia, e como tal, foi alvo de todas as más línguas portuguesas. Ainda hoje há quem não compreenda porque é que se fechou o trânsito entre concelhos, ou a hora de fecho dos supermercados. Tudo discutível, mas tudo pelo bem-comum. Tudo decisões dificílimas, com enorme impacto negativo na vida das pessoas, mas com o objectivo de evitar a propagação do vírus maldito. Foi médica de todos nós, e recebeu como moeda de troca, o ódio, a maledicência, e ameaças alheias, de quem não sabe viver em sociedade. Foi hoje homenageada pelo PR, e tem toda a minha admiração. Eu, em momento algum tive contacto com a DGS, mas sou capaz de dizer que no momento mais difícil nas nossas vidas, esta grande mulher manteve-se firme, sensata, e ponderada, juntando todos os saberes dos peritos das múltiplas áreas da ciência, para tomar decisões que fizeram muitos odiá-la de morte. Eu não consigo ter a noção da exigência de estar debaixo de fogo durante dois anos, mas consigo dizer que poucos teriam aguentado o que ela aguentou, dia após dia. E por isso, e muito mais, o meu enorme agradecimento pelo serviço público que esta grande senhora fez, e que a mim me serve como exemplo e inspiração, de humildade, inteligência emocional, e competência.

Obrigado e até sempre, Dra. Graça Freitas.»

Gustavo Carona (1)

«Graça Freitas tem sido acusada de tudo e mais um par de botas, como é timbre da maldade que grassa pelo país. A sua saída da Direção-Geral da Saúde teve centenas (quem sabe milhares) de comentários, nas redes sociais, que assustam qualquer mortal. Foi apelidada de tudo. Quando digo tudo, é mesmo tudo. O mesmo sucedeu quando Marta Temido saiu do cargo de ministra da Saúde.

Concordando com qualquer uma delas ou discordando, é indiferente, o espaço público encheu-se de comentários venenosos, daqueles atrozes que não queremos que nos atinjam. Tenho cá para mim que a justiça divina – seja em forma de divindade ou de karma, escolham a vossa receita – irá devolver a esta gente o mesmo nível de violência e hostilidade. Contudo, enquanto isso não acontece, proliferam as más-línguas e os chamados treinadores de bancada. 

A violência dos comentários é de tal ordem, que ultrapassa o mero insulto: muitos dos comentários são de índole sexual. E isto, senhores, só acontece às mulheres que têm uma vida com maior visibilidade, estão na praça pública e mostram serviço, detêm algum poder. Sobre as mulheres tudo se comenta, do vestido ao penteado, e tudo serve para diminuir as capacidades profissionais. (…)»

Patrícia Reis (2)

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(1) No Facebook em 18/01/2023.

(2) Opinião no Sapo, 18/01/2023.