O pão nosso de cada dia, por Isabel do Carmo

«Não sei como dormem descansados os responsáveis políticos e como é o sono dos vinte e cinco “ricos” de Portugal. Desassossegado? Ou acham que é “a ordem natural das coisas”?

Como se sabe, para além do pão e da água, o corpo humano, para viver com saúde, precisa de vegetais, de lacticínios, de fruta e de outras várias fontes de proteína. (…)

Em Novembro de 2022, os preços de produtos alimentares e bebidas não alcoólicas eram 20 por cento superiores aos do mês homólogo de 2021. (….) Quanto ao preço da energia, essencial para cozinhar, subiu 24,7 por cento no mesmo período. (…)

Entretanto, nada disto afecta os mais ricos de Portugal. Em Novembro de 2022, vinte e cinco famílias detinham um património somado de 25,4 mil milhões, que se comparam aos 22,1 do ano de 2021 (…). Entre eles, os que detêm as empresas de distribuição de alimentos. Em face destes números, não sei como dormem descansados os responsáveis políticos e como é o sono dos vinte e cinco “ricos”. Desassossegado? Ou acham que é “a ordem natural das coisas”? (…)

E, no entanto, há alguns pequenos remédios à mão para socorrer este mar de aflições. Desde já, tornar a redução do IVA extensiva a mais produtos alimentares, tal como foi reclamado pela Ordem dos Nutricionistas (…). E, evidentemente, subir os salários. (…) É altura de evocar as palavras do falecido Acácio Barreiros: “Os ricos que paguem a crise!” E ainda lhes sobram uns trocos.»

Isabel do Carmo (1)

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(1) Opinião no Público, 17/01/2023.