Clara retaliação da juíza, por Mamadou Ba

(Aviso: O título é da minha responsabilidade. É com enorme tristeza que publico este texto.)

«Na verdade, desta juíza nada surpreende. Absolutamente nada. Surpreendente seria se ela fizesse mea culpa do que foi todo este lamentável processo e emendasse a mão como bem lhe mandou fazer o tribunal da relação. Era pedir muito a quem não achou que a vida e a dignidade de Alcindo Monteiro valiam muito mais do que qualquer jogatana política de um criminoso neonazi. A Senhora Magistrada, que resolveu chorar sobre honra que lhe não cabe, revela, por este despacho, que se sentiu externamente pressionada para me condenar, não para me absolver, como, de resto, se vê da sua recusa em cumprir o que o Tribunal da Relação determinou.

Se a ofensa que a senhora cita e as pressões a que se refere, fossem reais e não mais uma mera tentativa de me calar, a Juíza Ferrer, que tem obrigação legal de denunciar o tipo de crimes a que se refere, não teria demorado mais de oito meses, desde 20 de setembro de 2023, data em que a minha fala final aconteceu e onde eu não disse o que ela cita, a tomar as medidas que só agora determinou e que, portanto, não são mais do que uma clara retaliação, ficcionando desacatos que não existiram e ocultando que exigiu policiamento desde o primeiro momento do julgamento, sem qualquer razão que o justificasse, a não ser a intenção de exibir a ideia de um poder que não controla, porque não tem suficiente capacidade para o fazer. Quando confrontada com a sua pobreza argumentativa tanto na forma como no conteúdo, a juíza que é suposta ser uma servidora de uma das mais importantes causas públicas, senão mesma a mais importante, socorre-se da intimidação e da retaliação. Felizmente que ainda não estamos numa república de juizes onde a Juíza Ferrer poderia, contra os mais elementares preceitos jurídicos, dispor ao seu belo prazer do poder de perseguição arbitrária sem qualquer oposição. Nunca tive medo de assumir as minhas posições, por mais desconfortáveis que sejam e, neste caso, não vou endossar a responsabilidade do que é claramente um mero expediente para me amedrontar. Porque, se o tivesse dito, tê-lo-ia assumido inteiramente e com toda a frontalidade, como sempre fiz. Reitero o que sempre disse desde do início, fora e dentro do tribunal, todo este processo é o julgamento da justiça consigo própria.

Portanto, a atitude da Senhora Magistrada extravasa o âmbito jurídico e insere-se num claro confronto político-ideológico ao qual estou totalmente pronto. Talvez, finalmente, todo este caso se possa jogar às claras e no seu apropriado lugar, no espaço político.»

Mamadou Ba (1)

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(1) No Facebook em 05/06/2024.