Eles já passaram! (2), por Luísa Semedo

(Apesar de eu pensar que a tendência é ser aumentada a dose de propaganda, tornando estas acções propostas por Luísa Semedo inúteis, é importante deixar aqui esta nota de esperança e convite à acção escrito por ela.)

«Dias depois, constato que polícias a apertar a mão a nazis, a deliberadamente proteger o lado de criminosos e a atacar com violência militantes antifascistas e antirracistas não abalou ninguém a não ser nos meios implicados. Está tudo filmado, inclusive a fúria sociopata do criminoso multi-condenado Mário Machado, esse cidadão do bem ao lado do qual o Estado português decidiu posicionar-se para proteger a honra e o bom nome desse anjinho contra um mauzão ativista antirracista.

Eles já passaram! Não significa que devemos baixar os braços, é o contrário, isso requer de nós ainda maior esforço, convicção, resistência, mas esta luta não a podemos travar sozinhos. O silêncio da maioria e até de quem se apresenta como aliado é ensurdecedor e dá sempre armas à facharia.

O que precisamos de fazer já, é mudar de paradigma. Não é a mesma estratégia prevenir e tratar de um problema já declarado. Deixo aqui algumas pistas entre tantas outras:

1. A primeira coisa a fazer é parar com a negação. Eles já passaram!

2. A segunda coisa é a organização mais lata e interseccional possível. Todos os coletivos antifascistas, antirracistas, feministas, LGBTI+, ecologistas, sindicatos, etc. precisam de se organizar e falar de uma só voz. A extrema-direita tem feito com paciência o trabalho de casa, organizou-se internacionalmente a vários níveis desde os grupos mais violentos de cabeça rapada até aos mais engravatados sorridentes, desde a batalha política até à batalha cultural, passando por um esforço que tem dado frutos de normalização e de banalização das suas ideias. Chegámos ao cúmulo de festejar que a extrema-direita no nosso país seja só a terceira força política nas Europeias. É um erro recorrente Portugal achar que é uma ilha, todos os ganhos da extrema-direita na Europa ajudam diretamente a nossa facharia nacional. Está tudo interligado.

3. Pressão nos poderes políticos. É insuportável ver o quanto jogaram e jogam com as nossas vidas para fins eleitoralistas. Enquanto a extrema-direita dá jeito “é o jogo democrático”, quando estão aflitos “venham votem por nós senão temos os nazis e é o fim do mundo”. Mas esta “brincadeira” vai durar até quando?

4. Pressão nos média. A extrema-direita vende! Mas pergunto, como vão fazer quando já não puderem trabalhar porque a extrema-direita não é lá muito amiga da liberdade de imprensa?

5. Pressão para que se cumpram as leis, a Constituição. E, se estas não servem, arranjem-se outras. Em democracia, um partido, um político, tal como um polícia facho-racista deve ser proibido porque é um perigo para a população e sobretudo para a franja mais frágil e vulnerável. Mas esta é uma luta de toda a gente, e porque é uma luta de toda a gente…

6. Não baixar os braços!»

Luísa Semedo (1)

(1) No Facebook em 16/05/2024.