(Aviso: O título é da minha responsabilidade.)
«Vejamos: inicialmente, o PSD atirou para o lixo o projeto do aeroporto em Alcochete e a linha de alta velocidade Porto – Lisboa – Madrid. (ambas com financiamento europeu)
Depois, António Costa, diplomaticamente, apoiou a escolha do PSD para uma localização desastrosa ambientalmente, adiando a linha de alta velocidade para não se associar a Sócrates.
Depois, veio a pandemia e (de novo) o PSD de Rui Rio apoiou as movimentações anti-montijo que o próprio PSD tinha escolhido no tempo de Passos Coelho.
Agora, pressionado por um grupo de especialistas (que António Costa constituiu para tentar acabar com essas birras partidárias e jogos políticos), o PSD surge na televisão reivindicando a “grande decisão”.
Eu sempre defendi a construção do aeroporto em Alcochete e as linhas de alta velocidade. Contra até a própria decisão de António Costa manter as escolhas de Passos Coelho.
A ironia?
Os negacionistas dos transportes agora confrontam-se com uma conta difícil devido à sua “não escolha”: o custo de construção será muito mais alto do que teria sido há 10 anos.
De fato, o custo nos próximos 10 anos de não termos um aeroporto será superior ao custo do próprio aeroporto.
Com um atraso de 20 anos desde que Alcochete foi decidido pela primeira vez…eis que ele volta de novo.
E após décadas a tentar abrir os olhos dos ignorantes nas redes sociais e aos políticos que só queriam favorecer amigos, o PSD “decidiu” e quem sempre foi contra vem agora dizer que afinal sempre foi a favor… e que isto anda é tudo atrasado.
Mas na realidade, o PSD não decidiu nada; apenas recuou da sua posição inicial de favorecer a ANA com o Montijo.
Tarde demais, e receio que, ao confrontarem-se com os custos, possam bem reconsiderar a decisão.
Não esqueçamos que quando Passos Coelho privatizou a ANA (concedendo-lhe o monopólio), entregou a essa empresa o poder de chantagear o Estado quanto à localização/construção do novo aeroporto.
Esse crime (mais um) de Passos Coelho, custar-nos-á milhares de milhões se a ANA exigir uma indemnização ou querer controlar a construção do aeroporto de Lisboa.
Relembro que a privatização da ANA (cujo actual presidente é um ex-ministro do PSD José Luís Arnaut 
) à Vinci foi uma verdadeira entrega da ‘joia da coroa’ a interesses estrangeiros, sem retorno para o país.
Um ato de gestão que favoreceu agendas privadas, esvaziando o património nacional e que o tribunal de contas já criticou como desastrosa.
Enfim, mais vale tarde e caro do que nunca e “barato”…pelo menos a escolha é sustentada científicamente e não baseada nas opiniões dos especialistas das redes sociais ou nas cunhas e tachos partidários.
Agora é avançar…podiam era ter dado o nome de uma mulher ao aeroporto.»
Eduardo Maltez Silva (1)
(1) No Facebook em 15/05/2024.
Insustentável Leveza 2 