Portugal, Igreja Católica, 2023: As Reacções ao Relatório sobre Abusos & o JMJ Lisboa 2023 (dois assuntos urgentes)

(Aviso: Antologia de textos publicados no Facebook.

Sem dúvidas muito anticlerical. É sabida a minha opinião sobre a religião organizada e a necessidade da laicidade do Estado. Não é preciso o exemplo dos fundamentalistas islâmicos para se saber que a religião pode ser tóxica. Entretanto, as jornadas poderiam até ser realizadas em Portugal… com a Igreja a pagar tudo!)

«A questão do Altar-palco continua a ser de uma imensa opacidade sem se perceber o que é que a Câmara Municipal de Lisboa está a contratar.

O anúncio feito, com pompa e circunstância, da alegada redução do palco e dos custos não clarifica nada mas adensa a trama.

A serem verdadeiros os dados da notícia, isto significa que a redução de custo reporta, única e exclusivamente, ao contrato com a Mota-Engil. Ora, também existe uma outra contratação de uma empreitada para as fundações indirectas (valor acima do milhão de euros); as instalações eléctricas, projecto de luminotecnia e segurança não estão contemplados em nenhum dos dois contratos; e têm-me chegado informações (que não se consegue confirmar pois o contrato com a Mota-Engil não é público) de que no caderno de encargos da contratação não está contemplada a estrutura de cobertura.

A conta que os jornalistas deviam ter feito, antes de publicarem a notícia, era esta:

Se o palco reduz de 5000m2 para 3250m2 e o valor de obra de 4,2 milhões para 2,9 milhões de euros isso significa que o custo/m2 AUMENTA. Passa dos 840 €/m2 iniciais para 892 €/m2.

Isto pode ser justificável mas com estes factos parece-me precipitado tecer grandes conclusões sobre a boa gestão dos dinheiros públicos.

A única coisa certa é que se o altar-palco se aproximar das imagens que nos estão a mostrar vamos ter um terrível mono na paisagem ribeirinha cuja única solução possível será pagarmos a sua demolição. Quanto antes.»

Tiago Mota Saraiva (1)

«. indemnizar as vítimas seria insultuoso para as próprias vítimas.

à igreja faria bem um pouco de empatia e bom-senso. afinal, são igreja, não é? e a soberba é um pecado. às vezes a igreja esquece-se da razão da sua existência.»

Álvaro Romão (2)

«QUE FARÁ O ESTADO AGORA?

1. A Igreja Católica recusa suspender preventivamente (não seria expulsar) os padres denunciados pela comissão independente.

2. A Igreja Católica recusa contemplar indemnizações, ao contrário do que aconteceu noutros países.

3. A Igreja Católica estabelece uma comissão própria para continuar o trabalho da independente – algo que não gerará confiança alguma nas vítimas.

4. A Igreja Católica quer fazer um memorial às vítimas, sem noção da dor – e mesmo do insulto – que tal significa, incluindo o ser ela a promotora.

Que fará o Estado, já que a Igreja NADA fará, quanto ao abuso sistemático e encoberto de tantos cidadãos e cidadãs por aquela organização? Exigimos uma resposta.»

Miguel Vale de Almeida (3)

«Pergunto-me como se sente alguém que finalmente ganhou coragem para denunciar, e ouve as declarações das mais altas entidades do clero a dizer que não há certeza, e que retirar um padre do exercício é muito grave. Espero que como sociedade não nos calemos perante este crime, talvez o mais monstruoso dos crimes, porque seremos cúmplices da eterna retraumatizacao das vítimas e de futuras vítimas. A justiça não se faz na sacristia ou no confessionário mas nos tribunais e ninguém, nenhuma instituição deve investigar os seus crimes, essa investigação deve ser realizada no âmbito da investigação criminal como seria com qualquer um de nós. O verbo não é pecar senhores, é cometer um crime e NINGUÉM pode estar acima da lei. É o mínimo que podemos fazer por todxs quantxs tiveram coragem de reviver o seu trauma.»

Marta Borges (4)

«Estou escandalizada, embora fosse de esperar : Então na Igreja católica portuguesa vai tudo ficar na mesma? O excelente trabalho desta comissão independente não serviu para nada? A nova comissão vai estar ligada à Igreja, e chama-se “independente”? É nas dioceses e à sombra cúmplice dos poderosos “Dom” X ou “Dom Y”, que as vítimas vão procurar apoio – as vítimas que agora passaram a ser “os acusadores”???? Senhores Bispos e quejandos, que Deus vos perdoe se puder, mas se Ele for justo não pode.»

Teolinda Gersão (5)

«”O Padre não é pedófilo, é depressivo”

São as palavras do Bispo de Santarém sobre um padre que foi condenado por abusos sexuais de duas meninas de 11 e 12 anos. Explica ele que é no contexto da sua depressão que cometeu actos de pedofilia, logo não deve sre visto como um pedófilo, mas como um doente com depressão no contexto da sua doença fez algumas coisas que não devia.

Já não há palavras para comentar… Digo e repito, os católicos é que deviam ir para a rua com cartazes a existir a limpeza desta pouca vergonha, correndo o risco de serem todos culpados por nada fazerem. Por omissão. Por cumplicidade. Por conivência. A verdade está á vista… agora façam o que quiserem com os factos.»

Gustavo Carona (6)

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